Quando eu disse que viria escutei “não vai ter volta”. Escutei que não seria férias e que “não vai ter mamãe pra fazer as coisas pra você”. Ignorei tudo e vim. E em algumas dezenas de dias tanta coisa mudou que eu ainda me sinto confusa, às vezes.
Cheguei à conclusão de que saudade surge com um dia longe de quem você ama e que isso é mais normal aqui do que ficar bêbado numa cervejada qualquer. Todo mundo sente saudade. Isso já é tema corriqueiro nas rodinhas de conversa. “Vai pra casa hoje?” não é uma pergunta sem noção a ser feita. E pensar todos os dias “queria tá em casa” também não é sem noção.
Aprendi que sentir falta é diferente de sentir saudades. Sente-se falta das conversas nos intervalos entre as aulas, do barulho de gente em casa, da mãe chamando pra almoçar. Sente-se saudade de poder chegar em casa e abraçar a mãe. De ligar pra amiga e combinar o cinema da semana. De tomar café da manhã às 10:00 ouvindo Itatiaia. Aprende-se que sentir é mais difícil quando se está longe. Que até pra sentir sozinho uma pessoa ao lado é bom. Confuso não?
Aceitei que agora é tudo mais intenso. E profuso. As lágrimas cotidianas e os risos raros. Gargalhadas? Não como antes. Amor? Mais forte que nunca. Realmente,mais do que o nunca. Porque você nunca achou que fosse dar certo de fato. E não deu. Ou deu.
Sei lá, só sei que agora também uso mais itálico. É a intensidade das coisas. Das palavras.