1 de mar. de 2013


Percebe-se que é de verdade quando um gesto muda uma decisão. Um dar de ombros, uma piscadela de lado. Um sorriso bobo. Um estender de mãos. Quando se encontram, as duas partes da unidade, tem-se a perfeição. Essa coisa intangível, buscada sempre. Uns acham que ela não existe, que é inalcançável. Outros não desistem, perseveram numa luta sem fim e não se dão conta de que têm como inimigo a si mesmo.
Ela existe, é tangível como o ar que se respira. É uma forma disforme, paradoxal em sua essência que se realiza na imperfeição. Para se ser perfeito basta aceitar a imperfeição.
Perfeição e amor andam juntos. Por isso tantas desilusões e lágrimas. A procura incessante pelo amor torna o ser humano cego ao óbvio e próximo: o verdadeiro amor. Ele ta sempre à espreita. À espreita no vizinho, no mercado ou no ônibus. Mas ta à espreita no tempo, esse grande controlador de vidas e destinos que dá tanto quanto tira.
Quando a busca pelo amor cessa, entra-se no âmbito da perfeição. Mas vida nenhuma será perfeita sem a imperfeição do outro para acompanhar. Paradoxo assim faz-se a felicidade e as partes se tornam o todo. A vida. E o fim. 

4 de fev. de 2013


Três semanas de agonia. aliás, nem sei se agonia define alguma coisa aqui. Qualquer palavra que se encaixe no limbo entre "tristeza" e "alívio" serve. Certamente "agonia" não.
Sentimento dúbio esse.  Hora alguma me arrependi de ter feito o que fiz. Me arrependo, talvez, de ter dado aquela primeira olhada na sua direção há muitos anos. Aquela primeira que ficou guardada em minha memória como chiclete grudado no sapato.
O dia passou a ter mais de 24 horas depois daquilo.  São três semanas que tiveram quase o dobro de duração. faltou palavra. faltou dormir. Sobrou lágrima. Sobrou amor.
Mas como dizem, tudo machuca quando não é suficiente. E acho que quando sobra, machuca mais ainda.