6 de jun. de 2011

Brilho Eterno*

No primeiro dia, senti seus dedos a me tocarem de leve. Minhas costas formigaram com a ausência do toque. O calor fazia falta.

No segundo dia nossos dedos se entrelaçaram debaixo da mesa e um sorriso cúmplice foi trocado por nós sem que ninguém percebesse.

Já no terceiro dia sua ausência se fez presente mais do que qualquer esbarrar de mãos ou entrelaçar de dedos.

Duas semanas depois, ainda sem você, lembrava de cada sorriso, cada olhar. Lembrava de suas bochechas rosadas depois de encontrarem meus lábios.

Um mês se passou e minhas costas não formigavam mais. Minha memória lutava contra o tempo atrás de qualquer fragmento de nós dois. Meu coração lutava também; em busca dos próprios pedaços. Cacos destruídos por uma ausência cortante.

Seis meses depois e suas bochechas já não eram tão brilhantes quanto antes. A derrota era iminente e minha memória já suspirava diante do triste fim.

Um ano depois e o brilho se esvaiu completamente. Os cacos de meu coração outrora despedaçados encontraram uma nova cola e exultavam de alegria. A disputa entre memória e tempo? Bem, é do conhecimento de todos que há sempre marcas em guerras violentas. E a minha era carregar seu sorriso para sempre.


*Sim, título inspirado no filme.

PS: Este texto é uma ficção, atenção à isso.