23 de ago. de 2014

Era um dia claro.  A cortina agitada pela brisa trazia um lusco-fusco bonito de se ver. Era o raiar do dia. Aquela luz quase rosa.  As horas passaram lentamente. A temperatura esquentou e os pássaros começaram a cantar.
Abrir os olhos deveria contar como esforço físico. Ouvia o barulho lá de fora, distante, como um ruído que depois de um tempo para de incomodar. Seu coração batia tranquilo, guiava a minha respiração.
Pensava que, se eu não abrisse os olhos, poderia viver pra sempre nessa utopia de não ter que me despedir de você.
Quando me lembro daquele dia, concluo que era o seu calor. Era ele que me aconchegava, que me aninhava na cama durante as intermináveis horas de conversas sem sentido e sonhos compartilhados. Esse calor eu sentia em qualquer ambiente. Era como se nossos corpos se identificassem antes mesmo de se encontrarem.
Abrir os olhos significava aceitar a derrota, ter que ver você ir. E perder pra sempre o seu calor perto de mim.  Abrir os olhos era abrir mão da segurança que você me proporcionava.

Quando o despertador tocou, o dia amanheceu. Cinza. Sem você. 

2 comentários:

  1. Lindo! É o tipo de leitura que faz a gente viajar e sentir na pele tudo que o autor quis dizer, parabéns pela delicadeza com as palavras e pelo dom de entrar na imaginação do leitor.

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