30 de dez. de 2012

Red Lights


  Primeiro foram as luzes. Verde, vermelho, azul.  Todas. Uma a uma. Em pares.  Os corpos se movimentavam em uma velocidade diferente quando elas estavam ligadas. De todas, a vermelha é que ficou.  
  Eram três da manhã.  Ouvia-se uma batida grave ao fundo. Olhos fechados, mãos sobre a cabeça, o corpo agia de acordo com a sua própria vontade. Sem pensar. 
  Abria e fechava os olhos em um ritmo constante, pareciam querer fazer seu próprio passo na pista de dança.  Ninguém reparava na garota. Mas todos os olhares estavam nela.
  Foram-se as luzes verdes, as azuis, ficou o baixo, grave, destacando-se no meio de vários sons. Riso. Copo caindo. Pé pisado. Porta abrindo. Flerte.  E a música.
  Era muito suor, muita energia. E ela sentia tudo aquilo como nunca havia feito antes.  
  Era como se tivesse sido ligada à uma tomada e corrente elétrica usava suas veias como um fio condutor.  Eletricidade.  Calor. Força. Torpor
  Os passos eram rápidos, nem sempre certeiros, mas sempre com propósito. Uma gota de suor escorreu e o sorriso apareceu. Ela estava se divertindo e nada a tiraria ela de lá. 
  Luzes verdes  e azuis. Sentiu a mão na cintura, tocou-a e depois a viu.  Mas não enxergou. Dançaram juntos no ritmo da música. Outra gota de suor. E mais outra. E ela começou a ver vermelho enquanto tudo ainda era azul. 
  Se jogou em meio às pessoas como se não houvesse amanhã. Bebida desceu, trouxe alívio. Todas as luzes ligadas. Não se contava mais as gotas.  

  E ela sorriu e dançou até a última música. Saiu querendo ver mais vermelho.
  
Uma gota de suor escorreu.

"I wouldn't stop the red lights,
I wouldn't come up for air,"

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